06 junho 2012

Apelos


Diz que não é verdade a sua partida,
que é apenas sonho, essa ferida.
Diz que não foi fantasia
aquele único beijo,
fugaz como despedida.
Diz pra mim, como num canto, que está tudo bem.
Me diz o que essas horas invertidas não sabem,
se um ano, um mês, ou nunca mais.
Diz, por tudo que me é caro,
que a música não termina aqui,
diz que fica agora, para que não haja volta.
Diz que me ensina a levitar
pelas janelas da sua alma,
e eu me derreto aos poucos,
em litros,
até o fim do seu palpitar.
Diz que se eu precisar
vai estar bem perto,
será só abrir a porta, abrir os braços
e não terei que correr.
Diz, em vão, que vai entender meu riso,
aquecer minhas mãos
e me proteger da chuva de verão.
Diz, diz agora, com todos os verbos,
ainda que meus ouvidos sejam pouco,
que o tempo para, que você fica, e me cala.
Diz que vamos juntos contar estrelas
e que seu querer inocente
vai me salvar do abismo.
Diz que será apenas trovão...
e não tempestade,
e que vai sentir no seu coração
meu pensamento em você.
Diz, entre sorrisos poéticos,
que nossa história não vai ser um eco,
um traço numa folha em branco,
um espelho quebrado
ou uma frase mal construída.
Diz assim, bem perto de mim
tudo o que eu quero ouvir
e eu te convido para dançar.
Eu prometo,
é só sentir o mundo girar.



*** para ouvir: A última guerra - Skank ***

3 comentários:

João Oliveira disse...

O MELHOR POEMA DE TODOS! MUITO BOM... EMOCIONANTE (não tanto quanto aquele que me abalou. heheheh).

E eu que sugeri a música! Palmas para mim também...

HAP disse...

Odeio despedidas!

Anônimo disse...

Olá!! Muito obrigada pela visita ao Baú! Seja mais do que bem vinda ao meu esconderijo.

Devo dizer que amei esse seu poema, todos são otimos, mas essa soou como música para a minha alma, em especial essa parte "Diz que vamos juntos contar estrelas
e que seu querer inocente
vai me salvar do abismo."

Se me permiti gostaria de adicionar um link do seu blog no baú.

Abraços, Aline